A capacidade do olhar é sobre muita coisa. É sobre questionar o que se lê, é sobre perceber o comportamento inconsciente por trás da fala consciente, é saber ouvir.

A capacidade do olhar é sobre ampliar, questionar, é sobre mergulhar na angústia de nunca termos uma resposta e, nesse mergulho, aprender a se colocar no lugar do outro.

A capacidade do olhar é ir além do limite imposto pela realidade compartilhada, é olhar através de outras angulações e perspectivas; é permitir-se, através do conhecimento, ao questionamento e talvez criação de hipóteses, a fim de seguir um caminho de construção.

A capacidade do olhar é sobre conseguir ver a psicanálise como ponte entre a neurobiologia e a Psiquiatria, como a simbolização abstrata de fenômenos concretos; é sobre questionar a taxonomia hoje dos transtornos mentais, corroborando com toda uma pesquisa transdiagnóstica já existente; é sobre o que se espera de uma Psiquiatria do século 21, onde se entende que os fármacos são apenas uma pequena parte no processo de tratamento e que o poder da fala, da escuta, da transferência e contratransferência, faz toda a diferença no cuidado de quem sofre, principalmente quando se trata de um transtorno mental.